Instrução
Ver. 1.2 – 28-8-06


Saltar ? corda

Os pais, por falta de preparação, de instrução e de conhecimentos são incompetentes na educação dos filhos, incapazes de os ensinar e de lhes formar o carácter. Por um lado deixam-nos fazer tudo, por outro querem-se impor por arrogância, muitas vezes sem nenhum motivo nem razão e os filhos -- habituados a fazer o que querem -- não só não lhes obedecem, como não sentem por eles a mínima consideração. De certo que estes sentimentos dos filhos pelos pais se deve a os pais os tratarem mal e espancá-los desalmadamente, ao mesmo tempo que -- paradoxalmente, por verdadeiro desequilíbrio psíquico -- os deixam fazer tudo, passando o tempo livre a ver folhetinzecos e publicidade, ambos para atrasados mentais. Por demais, pretendem ?s vezes ensinar alguns procedimentos decentes aos filhos enquanto, por outro lado, lhes mostram o contrário pelo exemplo que lhes dão pelo seu próprio comportamento. Que poderá esperar-se de filhos educados por estes pais, sobretudo sabendo-se que esta incapacidade se encontra em todas as famílias, a todos os níveis sociais, tal e qual como os espancamentos e outras selvajarias entre cônjuges. São casos muito semelhantes. Não constitui tudo isto nenhuma novidade, pelo que não se compreende porque os políticos governantes, que em princípio têm a responsabilidade pela educação e pela instrução nacionais ao longo dos anos nada têm feito para a emendar. Ou melhor, compreende-se sem se concordar: é o modo como eles educam os seus próprios filhos. Se todo o lixo têm copiado dos outros países, porque não copiam também os métodos que fizeram progredir os países mais avançados? Será por incompetência, por estupidez, por corrupção e desinteresse, ou por um conjunto de todas estas "qualidades"?

Os professores não são motivados pelas razões que também todos conhecemos. Muitos são ainda incompetentes, por eles mesmos não terem sido devidamente instruídos para as suas funções. O ensino administrado em Portugal é reconhecido pelos países adiantados como de qualidade inferior. Na maioria desses países, aos médicos, dentistas, engenheiros e outros profissionais portugueses aqui tão bem vistos, orgulhosos ostentadores de "canudos" de estabelecimentos de ensino portugueses, não lhes é permitido o exercício das suas profissões -- devido ? sua falta de competência, consequência da internacionalmente reconhecida baixíssima qualidade do ensino português -- a menos que seja sob a responsabilidade de outros, formados numa universidade do país ou numa doutro país mas por ele reconhecida, ou sem que passe um exame numa dessas universidades. O defeito deve-se ao sistema do ensino administrado a profissionais assim tão mal formados (ou deformados). Não se trata dum caso de discriminação com qualquer outra base. A questão de nos estarem sempre a atirar ? cara com a competência dos nossos médicos é pura publicidade, além de que a existência real de meia dúzia de médicos competentes não significa que todos assim o sejam. Os nossos excelentes jornalistas, de cada excepção que prova a regra fazem um grande scoop, é tudo. Toda a gente conhece factos reais a propósito da competência, da dedicação e do profissionalismo dos médicos portugueses de hoje. Mesmo que o ignorássemos por nunca seguirmos as notícias, ouviríamos o que se passa e se fala ? nossa volta. Piada é que aqueles que na maioria dos outros países tiveram um melhor ensino, geralmente não se façam tratar por senhores doutores ou engenheiros. Lição de sabedoria coberta por uma humilde simplicidade. Quanto mais instrução e educação as pessoas têm mais simples se mostram. Que contraste com os atrasados, pobres e ignorantes Portugueses a quem os políticos insuflam de orgulho oco na simples intenção de lhes arrancarem os votos! Enquanto as pessoas se sentirem orgulhosamente superiores estão contentes, pelo que votarão neles e continuarão inconscientemente cegas para que exijam o que lhes faz falta. Se não reconhecerem o que está mal não se preocupam em emendá-lo. Enganam para falsa e traiçoeiramente e aproveitarem-se dos enganados. Qual é o termo judicial que define comportamentos semelhantes? É o termo que os define. Criaram na população o falso princípio de que enganar (vigarizar) é sadio e ser honesto. Esta situação tem-se arrastado ao longo de décadas enquanto políticos mentirosos nos dizem que fazem reformas no ensino. Mentira! Houve algum governo que não se tenha injustificadamente gabado das "grandes reformas" que operou no ensino? Mentira! Os resultados daquilo a que, durante décadas, têm chamado reformas estão ? vista. Mezinhas não servem, o que falta é uma verdadeira reforma, vital ao sistema de ensino, que garanta a produção de cidadãos de nível idêntico aos que saem dos estabelecimentos de ensino nos países avançados. E vêm alguns políticos falar-nos ? boca cheia dum grande plano de desenvolvimento tecnológico. Com quê e como? Onde estão os que seriam os autores para essa obra se as universidades formam ignorantes e incapazes? Para isso temos que esperar por eles, ou seja, no mínimo 15 anos. Ilusões ou pantominadas de políticos para sacarem votos nas próximas eleições. Não vimos já isto?... Ciclo vicioso em que o que muda são os políticos que se repetem e o  elemento permanente é a intenção de enganar o eleitor.

De tudo o que copiam dos outros países, só copiam o que está errado. Por isso só se ouvem políticos e jornalistas referirem copias de Espanha, país da cauda da Europa. Contrariamente ao que nos mentem, a razão de nos terem ultrapassado não se deve ao seu avanço próprio sobre os outros países europeus, mas ao nosso contínuo e infalivelmente progressivo atraso, enquanto eles, com algum êxito, se têm esforçado por acompanhar a média do progresso geral. Em Espanha têm-se esforçado por e não perder o comboio do avanço, enquanto Portugal ficou no cais a ver passar o comboio em que os outros seguiram. Oh, mas os políticos, por interesse mais do que óbvio, mentem-nos sacanamente, contando-nos a história ?s avessas. O problema com as reformas do ensino - como, aliás, com todas as reformas - é que as grandes reformas exigem cabeça, interesse, planeamento inteligente e levam largo tempo a mostrar resultados, Ora, como por isso esses resultados só se começarão a ver muito após as primeiras eleições. isso não vai dar votos para reeleição, é assunto preterido. Em seu lugar fazem-se mezinhas e apregoam-se grandes transformações; isso dá mais votos, o povo que se lixe. É mesmo assim! Alguém tem dúvidas? Poucos as devem ter. Claro que contrariamente ?s "provas provadas" os políticos nunca admitirão que a culpa lhes advenha -- nem pensar -- mas os factos é que contam. Bem podem fazer promessas falsas para angariarem votos, isso não nos deve importar, o que conta é o que efectivamente têm feito e os resultados que nos fazem sofrer. Mal é que muitos portugueses, devido a falta de discernimento e ? mentalidade atrasada (sequências óbvias da instrução e da educação que o Estado lhes tem proporcionado), aceitem todas as patranhas que políticos corruptos lhes impingem e corram ?s urnas a votarem neles, quais carneirinhos atrás de pastores protectores.

Neste ambiente, como poderão os alunos ter maior motivação do que a dos professores? Que admiração que tantos desistam dos cursos pelo caminho? Por demais, vendo as condições do mercado de trabalho em Portugal, não vêm nem grande saída nem futuro nos cursos que seguem. Nestas condições, para quê ir até ao fim? O que dá, assim o concluem pelos exemplos dos pais e doutros adultos, é ter o seu trabalheco e ser um bom vigarista vivendo de artimanhas e de expedientes. Como consequência inevitável, Portugal tornou-se o país europeu com mais iletrados, com o mais baixo nível educacional, onde 62% dos habitantes têm menos de seis anos de estudos. Os nossos queridos políticos continuam com as mezinhas. Por um lado pode perguntar-se se os políticos que "ocupam" os postos governamentais não têm capacidade mental para dar a volta a uma situação que se tem arrastado durante décadas. Por outro lado, pode também perguntar-se porque hão-de os políticos incomodar-se com estes assuntos se os resultados não se vêm já antes das próximas eleições, portanto não dão votos para assegurar uma reeleição. Os Portugueses que se lixem, o tacho e o bem do partido é que contam. O ensino está em completa e perfeita desconjunção com a indústria e o restante mundo do trabalho. Embora nos afirmem o contrário, a verdade é que não existe qualquer planificação com o intuito de adaptar o ensino ?s necessidades profissionais. Talvez venha a existir, mas até agora não tem havido. Este facto verifica-se praticamente em todos os campos do ensino, contrariamente ao que se tem passado e se passa, cada vez mais aperfeiçoadamente, nos países que se interessam pelo progresso. Origina-se, assim, a existência de tantos cursos mal direccionados e a insistência de tantos outros de necessidade premente. Ou de cursos de utilidade comprovada, mas erradamente concebidos. São outras tantas justificações para o atraso económico e não são alheios ?s desistências dos estudantes.

Porque não se poderá ter em Portugal um sistema simultaneamente instrutivo e educativo, que ensine didacticamente e civicamente, como nos países mais avançados? No pós-guerra, os pais com o tempo todo ocupado no trabalho da reconstrução total dos seus países, não lhes restava praticamente tempo para se ocuparem da educação dos filhos. Estes foram educados em creches e escolas, por ensinadores e professores adequadamente preparados para o efeito. Pôde-se assim, paralelamente ? instrução, administrar uma cultura moderna e civismo, evitando-se cair no erro de permitir que pais incivilizados produzissem uma nova geração incivilizada. Até parece que estou a contar o que se passou e se passa em Portugal, que ainda hoje não tem um corpo de ensino digno desse nome (pela obra se reconhece o obreiro). A culpa não é de quem ensina, compreenda-se. Não são eles quem concebe os programas de ensino nem que organiza os programas de colaboração com a indústria e com o comércio, a formação de professores, a legislação, etc. Mas as suas opiniões não deviam ser desperdiçadas pelos políticos pedantes e arrogantes (=intelectualmente deficientes) que pensam tudo saberem e poderem dispensar os conselhos e opiniões daqueles que estão dentro dos assuntos que eles assim albardam.

Um exemplo edificante do ponto a que este tipo de administração desleixado e desinteressado de políticos que nada têm feito pelo progresso do país, reflecte-se no mercado de trabalho, directamente dependente do facto. A má distribuição de profissões relativamente ? sua necessidade. Portugal não precisa de tantos licenciados em línguas, história, direito, relações internacionais, gestão e jornalistas. São canudos para o desemprego. Portugal precisa engenheiros, médicos, economistas, bons electricistas, bons canalizadores, bons carpinteiros, bons mecânicos, bons operários, bons agricultores e bons técnicos. o que parece não haver mesmo necessidade é de tantos doutores em coisa nenhuma, que ainda por cima – exactamente nos casos em que são verdadeiramente necessários – são insuficientes e em número inferior aos seus homólogos noutros países. Através dos anos, o modo como o ensino tem sido organizado demonstra que os políticos  não têm cabeça, ou não lhes interessa porque não lhes dá votos imediatos para reeleições. Portanto, das duas uma, ou o fazem por incompetência e rua com eles, ou o fazem por malvadez e deveriam ser julgados e condenados a penas de prisão maior. Quem se se esqueceu que no último governo de Cavaco e Silva foram drasticamente diminuídas as vagas para as faculdades de medicina. O resultado desta decisão, proveniente de tão sapiente indivíduo está ? vista de todos os portugueses.

Mesmo que o sistema de ensino em Portugal mudasse agora da noite para o dia -- o que não é possível, ainda que se pegasse já o touro pelos cornos e se começasse a progredir --, seria impossível recuperar-se o atraso e apanhar-se os outros fácil e eficazmente; nem durante anos, dado eles já terem apanhado esse comboio logo a seguir ? Segunda Guerra Mundial e ter sido precisamente por isso e por mais nada que ocuparam os lugares que conquistaram com o seu mérito e neles se têm sabido manter. Afinal, logo após a guerra, eles não estavam melhor do que nós. Bem pelo contrário, ficaram com os seus países e respectivas logísticas completamente destruídos, ou quase, conforme os casos. A Alemanha, a Holanda e a Inglaterra, sobretudo, são exemplos duma devastação quase total pelos bombardeamentos. E conseguiram recuperar, em cerca de vinte anos, enquanto que Portugal, sem ter sofrido qualquer tipo de bombardeamento ou destruição, se auto-destruiu. Foi ficando na cepa torta.

Quem se admira que um miúdo de 8 anos dum país avançado tenha uma mentalidade e comportamento superiores a um adulto médio português? Mas aqui, se algum miúdo é mais desenvolvido até dizem que não é normal. Anormais são os adultos. Em países civilizados, as crianças são convenientemente ensinados por profissionais competentes. Este caso faz lembrar outro semelhante, sobre publicidade. Independentemente do artigo publicitado, há "spots" publicitários internacionais e nacionais. Ao vermos a publicidade em Portugal, reparamos que o alvo de certos anúncios, alguns até bem elaborados, é indubitavelmente um consumidor estúpido e mentalmente atrasado. Nos países democráticos e avançados, enquanto que as crianças são ensinadas a defenderem-se da publicidade, por outro lado a publicidade dirigida a crianças é proibida. Que longe que estamos desses países, ainda mais mentalmente do que geograficamente. Se continuarmos a copiar tudo o que está mal nos outros países, ainda que melhor que em Portugal, não tenhamos ilusões, nunca passaremos da cepa torta.

Este assunto da instrução e da educação é, afinal, em tudo semelhante a qualquer outro problema da Nação ou dos cidadãos que não possa ser resolvido durante o período duma legislatura: não vai dar votos para uma possível reeleição. Há dezenas de anos que não existe praticamente nenhum plano a longo prazo, de fomento ou outro. Não produz resultados imediatos nas urnas. Neste caso não interessa aos políticos, totalmente convencidos de que foram eleitos para se servirem do País e explorarem os cidadãos e não para servirem ambos. Os Portugueses que se lixem.

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