Os pais, por falta de preparação, de instrução e de
conhecimentos são incompetentes na educação dos filhos, incapazes de os ensinar
e de lhes formar o carácter. Por um lado deixam-nos fazer tudo, por outro
querem-se impor por arrogância, muitas vezes sem nenhum motivo nem razão e os
filhos -- habituados a fazer o que querem -- não só não lhes obedecem, como não
sentem por eles a mínima consideração. De certo que estes sentimentos dos filhos
pelos pais se deve a os pais os tratarem mal e espancá-los desalmadamente, ao
mesmo tempo que -- paradoxalmente, por verdadeiro desequilíbrio psíquico -- os
deixam fazer tudo, passando o tempo livre a ver folhetinzecos e publicidade, ambos para atrasados
mentais. Por demais, pretendem ?s vezes ensinar alguns procedimentos decentes
aos filhos enquanto, por outro lado, lhes mostram o contrário pelo exemplo que
lhes dão pelo seu próprio comportamento. Que poderá esperar-se de filhos
educados por estes pais, sobretudo sabendo-se que esta incapacidade se encontra
em todas as famílias, a todos os níveis sociais, tal e qual como os
espancamentos e outras selvajarias entre cônjuges. São casos muito semelhantes.
Não constitui tudo isto nenhuma novidade, pelo que não se compreende porque os
políticos governantes, que em princípio têm a responsabilidade pela educação e
pela instrução nacionais ao longo dos anos nada têm feito para a emendar. Ou
melhor, compreende-se sem se concordar: é o modo como eles educam os seus
próprios filhos. Se todo o lixo têm copiado dos outros países, porque não copiam
também os métodos que fizeram progredir os países mais avançados? Será por
incompetência, por estupidez, por corrupção e desinteresse, ou por um conjunto
de todas estas "qualidades"?
Os professores não são motivados pelas razões que também
todos conhecemos. Muitos são ainda incompetentes, por eles mesmos não terem sido
devidamente instruídos para as suas funções. O ensino administrado em Portugal é
reconhecido pelos países adiantados como de qualidade inferior. Na maioria
desses países, aos médicos, dentistas, engenheiros e outros profissionais
portugueses aqui tão bem vistos, orgulhosos ostentadores de "canudos" de
estabelecimentos de ensino portugueses, não lhes é permitido o exercício das
suas profissões -- devido ? sua falta de competência, consequência da internacionalmente reconhecida baixíssima qualidade do ensino português
-- a menos que seja sob a responsabilidade de outros, formados numa universidade
do país ou numa doutro país mas por ele reconhecida, ou sem que passe um exame
numa dessas universidades. O defeito deve-se ao sistema do ensino administrado a
profissionais assim tão mal formados (ou deformados). Não se trata dum caso de
discriminação com qualquer outra base. A questão de nos estarem sempre a atirar ? cara com a competência dos nossos
médicos é pura publicidade, além de que a existência real de meia dúzia de médicos competentes não significa que
todos assim o sejam. Os nossos excelentes jornalistas, de cada excepção que prova a regra fazem um grande scoop, é
tudo. Toda a gente conhece factos reais a propósito da competência, da dedicação e do profissionalismo dos médicos
portugueses de hoje. Mesmo que o ignorássemos por nunca seguirmos as notícias, ouviríamos o que se passa e se fala
? nossa volta. Piada é que aqueles que na maioria dos
outros países tiveram um melhor ensino, geralmente não se façam tratar por
senhores doutores ou engenheiros. Lição de sabedoria coberta por uma humilde
simplicidade. Quanto mais instrução e educação as pessoas têm mais simples se
mostram. Que contraste com os atrasados, pobres e ignorantes Portugueses a quem
os políticos insuflam de orgulho oco na simples intenção de lhes arrancarem os
votos! Enquanto as pessoas se sentirem orgulhosamente superiores estão
contentes, pelo que votarão neles e continuarão inconscientemente cegas para que
exijam o que lhes faz falta. Se não reconhecerem o que está mal não se preocupam
em emendá-lo. Enganam para falsa e traiçoeiramente e aproveitarem-se dos enganados.
Qual é o termo judicial que define comportamentos semelhantes? É o termo que os define. Criaram na população o
falso princípio de que enganar (vigarizar) é sadio e ser honesto. Esta situação
tem-se arrastado ao longo de décadas enquanto políticos mentirosos nos dizem que
fazem reformas no ensino. Mentira! Houve algum governo que não se tenha
injustificadamente gabado das "grandes reformas" que operou no ensino? Mentira!
Os resultados daquilo a que, durante décadas, têm chamado reformas estão ? vista. Mezinhas não servem,
o que falta é uma verdadeira reforma, vital ao sistema de ensino, que garanta a
produção de cidadãos de nível idêntico aos que saem dos estabelecimentos de
ensino nos países avançados. E vêm alguns políticos falar-nos ? boca cheia dum grande plano de desenvolvimento
tecnológico. Com quê e como? Onde estão os que seriam os autores para essa obra se as universidades formam
ignorantes e incapazes? Para isso temos que esperar por eles, ou seja, no mínimo 15 anos. Ilusões ou pantominadas
de políticos para sacarem votos nas próximas eleições. Não vimos já isto?... Ciclo vicioso em que o que muda são os
políticos que se repetem e o elemento permanente é a intenção de enganar o eleitor.
De tudo o que copiam dos outros países, só copiam o que está
errado. Por isso só se ouvem políticos e jornalistas referirem copias de
Espanha, país da cauda da Europa. Contrariamente ao que nos mentem, a razão de
nos terem ultrapassado não se deve ao seu avanço próprio sobre os outros países
europeus, mas ao nosso contínuo e infalivelmente progressivo atraso, enquanto
eles, com algum êxito, se têm esforçado por acompanhar a média do progresso
geral. Em Espanha têm-se esforçado por e não perder o comboio do avanço,
enquanto Portugal ficou no cais a ver passar o comboio em que os outros
seguiram. Oh, mas os políticos, por interesse mais do que óbvio, mentem-nos
sacanamente, contando-nos a história ?s avessas. O problema com as reformas do
ensino - como, aliás, com todas as reformas - é que as grandes reformas exigem
cabeça, interesse, planeamento inteligente e levam largo tempo a mostrar
resultados, Ora, como por isso esses resultados só se começarão a ver muito após
as primeiras eleições. isso não vai dar votos para reeleição, é assunto
preterido. Em seu lugar fazem-se mezinhas e apregoam-se grandes transformações;
isso dá mais votos, o povo que se lixe. É mesmo assim! Alguém tem dúvidas?
Poucos as devem ter. Claro que contrariamente ?s "provas provadas" os políticos
nunca admitirão que a culpa lhes advenha -- nem pensar -- mas os factos é que
contam. Bem podem fazer promessas falsas para angariarem votos, isso não nos
deve importar, o que conta é o que efectivamente têm feito e os resultados que
nos fazem sofrer. Mal é que muitos portugueses, devido a falta de discernimento
e ? mentalidade atrasada (sequências óbvias da instrução e da educação que o
Estado lhes tem proporcionado), aceitem todas as patranhas que políticos
corruptos lhes impingem e corram ?s urnas a votarem neles, quais carneirinhos
atrás de pastores protectores.
Neste ambiente, como poderão os alunos ter maior motivação do
que a dos professores? Que admiração que tantos desistam dos cursos pelo
caminho? Por demais, vendo as condições do mercado de trabalho em Portugal, não
vêm nem grande saída nem futuro nos cursos que seguem. Nestas condições, para
quê ir até ao fim? O que dá, assim o concluem pelos exemplos dos pais e doutros
adultos, é ter o seu trabalheco e ser um bom vigarista vivendo de artimanhas e
de expedientes. Como consequência inevitável, Portugal tornou-se o país europeu com mais iletrados, com o mais
baixo nível educacional, onde 62% dos habitantes têm menos de seis anos de estudos. Os nossos queridos
políticos continuam com as mezinhas. Por um lado pode perguntar-se se os políticos que "ocupam" os postos
governamentais não têm capacidade mental para dar a volta a uma situação que se tem arrastado durante décadas. Por
outro lado, pode também perguntar-se porque hão-de os políticos incomodar-se com estes assuntos se os resultados
não se vêm já antes das próximas eleições, portanto não dão votos para assegurar uma reeleição. Os Portugueses que
se lixem, o tacho e o bem do partido é que contam. O ensino está em completa e perfeita desconjunção com a
indústria e o restante mundo do trabalho. Embora nos afirmem o contrário, a
verdade é que não existe qualquer planificação com o intuito de adaptar o ensino
?s necessidades profissionais. Talvez venha a existir, mas até agora não tem
havido. Este facto verifica-se praticamente em todos os campos do ensino,
contrariamente ao que se tem passado e se passa, cada vez mais
aperfeiçoadamente, nos países que se interessam pelo progresso. Origina-se,
assim, a existência de tantos cursos mal direccionados e a insistência de tantos
outros de necessidade premente. Ou de cursos de utilidade comprovada, mas
erradamente concebidos. São outras tantas justificações para o atraso económico
e não são alheios ?s desistências dos estudantes.
Porque não se poderá ter em Portugal um sistema
simultaneamente instrutivo e educativo, que ensine didacticamente e civicamente,
como nos países mais avançados? No pós-guerra, os pais com o tempo todo ocupado
no trabalho da reconstrução total dos seus países, não lhes restava praticamente
tempo para se ocuparem da educação dos filhos. Estes foram educados em creches e
escolas, por ensinadores e professores adequadamente preparados para o efeito. Pôde-se assim, paralelamente ?
instrução, administrar uma cultura moderna e civismo, evitando-se cair no erro de permitir que pais incivilizados
produzissem uma nova geração incivilizada. Até parece que estou a contar o que se passou e se passa em Portugal,
que ainda hoje não tem um corpo de ensino digno desse nome (pela obra se reconhece o obreiro). A culpa não é de
quem ensina, compreenda-se. Não são eles quem concebe os
programas de ensino nem que organiza os programas de colaboração com a indústria e com o comércio, a formação de professores, a
legislação, etc. Mas as suas opiniões não deviam ser desperdiçadas pelos políticos pedantes e arrogantes
(=intelectualmente deficientes) que pensam tudo saberem
e poderem dispensar os conselhos e opiniões daqueles que estão dentro dos assuntos que eles assim albardam.
Um exemplo edificante do ponto a que este tipo de administração desleixado e desinteressado de
políticos que nada têm feito pelo progresso do país, reflecte-se no mercado de trabalho, directamente dependente do
facto. A má distribuição de profissões relativamente ? sua necessidade. Portugal não precisa de tantos licenciados
em línguas, história, direito, relações internacionais, gestão e jornalistas. São canudos para o desemprego.
Portugal precisa engenheiros, médicos, economistas, bons electricistas, bons canalizadores, bons carpinteiros,
bons mecânicos, bons operários, bons agricultores e bons técnicos. o que parece não haver mesmo necessidade é de
tantos doutores em coisa nenhuma, que ainda por cima – exactamente nos casos em que são verdadeiramente
necessários – são insuficientes e em número inferior aos seus homólogos noutros países. Através dos anos, o modo como o ensino tem sido organizado demonstra que os
políticos não têm cabeça, ou não lhes interessa porque não lhes dá votos imediatos para reeleições.
Portanto, das duas uma, ou o fazem por incompetência e rua com eles, ou o fazem por malvadez e deveriam ser
julgados e condenados a penas de prisão maior. Quem se se esqueceu que no último governo de Cavaco e Silva foram
drasticamente diminuídas as vagas para as faculdades de medicina. O resultado desta decisão, proveniente de tão
sapiente indivíduo está ? vista de todos os portugueses.
Mesmo que o sistema de ensino em Portugal mudasse agora da
noite para o dia -- o que não é possível, ainda que se pegasse já o touro pelos
cornos e se começasse a progredir --, seria impossível recuperar-se o atraso e
apanhar-se os outros fácil e eficazmente; nem durante anos, dado eles já terem
apanhado esse comboio logo a seguir ? Segunda Guerra Mundial e ter sido
precisamente por isso e por mais nada que ocuparam os lugares que conquistaram
com o seu mérito e neles se têm sabido manter. Afinal, logo após a guerra, eles
não estavam melhor do que nós. Bem pelo contrário, ficaram com os seus países e
respectivas logísticas completamente destruídos, ou quase, conforme os casos. A
Alemanha, a Holanda e a Inglaterra, sobretudo, são exemplos duma devastação
quase total pelos bombardeamentos. E conseguiram recuperar, em cerca de vinte
anos, enquanto que Portugal, sem ter sofrido qualquer tipo de bombardeamento ou
destruição, se auto-destruiu. Foi ficando na cepa torta.
Quem se admira que um miúdo de 8 anos dum país avançado tenha
uma mentalidade e comportamento superiores a um adulto médio português? Mas aqui,
se algum miúdo é mais desenvolvido até dizem que não é normal. Anormais são os
adultos. Em países civilizados, as crianças são convenientemente ensinados por
profissionais competentes. Este caso faz lembrar outro semelhante, sobre
publicidade. Independentemente do artigo publicitado, há "spots" publicitários
internacionais e nacionais. Ao vermos a publicidade em Portugal, reparamos que o
alvo de certos anúncios, alguns até bem elaborados, é indubitavelmente um
consumidor estúpido e mentalmente atrasado. Nos países democráticos e avançados,
enquanto que as crianças são ensinadas a defenderem-se da publicidade, por outro
lado a publicidade dirigida a crianças é proibida. Que longe que estamos desses
países, ainda mais mentalmente do que geograficamente. Se continuarmos a copiar
tudo o que está mal nos outros países, ainda que melhor que em Portugal, não
tenhamos ilusões, nunca passaremos da cepa torta.
Este assunto da instrução e da educação é, afinal, em tudo
semelhante a qualquer outro problema da Nação ou dos cidadãos que não possa ser
resolvido durante o período duma legislatura: não vai dar votos para uma
possível reeleição. Há dezenas de anos que não existe praticamente nenhum plano
a longo prazo, de fomento ou outro. Não produz resultados imediatos nas urnas.
Neste caso não interessa aos políticos, totalmente convencidos de que foram
eleitos para se servirem do País e explorarem os cidadãos e não para servirem ambos. Os Portugueses que se
lixem.
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