Princípio básico: Justiça atrasada é justiça negada, todos o sabemos e a
União Europeia afirma-o peremptoriamente. Em países do terceiro mundo e sem democracia, como em Portugal é um
facto que demonstra ao ponto a que os governantes são suficientemente bandalhos, canalhas e corruptos, para
permitirem que esta situação se arraste ao longo de tantos anos. Quando isso lhes convém, desculpam-se dizendo que
a justiça é independente, mas tentam controlá-la a todo e qualquer momento que lhes convenha, o que provoca a
existência duma justiça com vários pesos e medidas. Passam sobre o facto que a justiça só pode ser independente
enquanto sirva aos fins para os quais existe. Doutro modo o povo e o governo têm o direito e a obrigação de a meter
na ordem.
Os
governos e os tribunais atiram as culpas uns aos outros. Que grande paródia da
parte de ambos, verdadeiro jogo do empurra, característico e que define
apropriadamente a desonestidade de quem o pratica. Tanto uns como os outros têm
as suas obrigações para com o povo soberano, mas como que para provar mais uma
vez que Portugal não é uma democracia, nem uns nem os outros cumprem a regra
democrática, tornam Portugal num país mais baixo do que a mais reles república
das bananas. República sem nenhum princípio democrático de base, verdadeiro
paraíso de parasitas e canalhas da estirpe que nos deveria governar mas que nos
desgoverna, que nos deveria representar na aplicação da justiça mas que se está
marimbando, apenas interessada nas suas regalias e privilégios, na sua imunidade
ao banditismo político e até comum, visto pretender uma justiça à parte só para
ela e controlar a Justiça Nacional. Todos se interessam unicamente por direitos
a que não têm direito e ninguém quer ter obrigações – tal como mafiosos, fingem
julgar tê-las, mas o procedimento trai-os.
Os restantes argumentos do assunto aqui abordado limitam-se
estritamente ao que é do conhecimento geral da população, das opiniões que todos
são livres de exprimir e que exprimem, daquilo que qualquer pessoa ouve falar em
qualquer lado, salvo da parte daqueles a quem esses argumentos se referem e que
fingem desconhecê-los ou armam verdadeiros espectáculos de feira com publicidade
para burlar a turba. Esses argumentos também se baseiam em factos constatados e
unanimemente reconhecidos como democráticos e de conhecimento universal. Nestas
circunstâncias, aliás tão fortemente sentidas e expressas, qualquer pessoa é
obrigada a reconhecer que, se “não há fogo sem fumo”, o fumo de algum lado tem
que vir.
Todos estamos cientes de que os problemas em Portugal não se restringem à Justiça nem lhe são específicos. Infelizmente, o problema com a
Justiça mais não é do que uma pequena parte dum todo muito mais abrangente e que
engloba os políticos em geral, a administração do Estado, toda uma população e
todo um país. Parece, pois, razoável, que juízes e magistrados, em lugar de
alinharem em greves que os denigram aos olhos de toda a Nação e sem excepções a
não ser à da sua própria opinião – o que os deixa orgulhosamente sós – optassem
por outros métodos e caminhos que não lhes roubassem nem diminuíssem a
credibilidade que lhes resta nem lhes fizessem perder a consideração que desse
outro modo deveriam manter.
Os problemas da Justiça, dos juízes e dos magistrados não se
restringem a Portugal, outras nações os têm tido. Todavia, os afectados por
esses problemas têm sabido expressar-se com dignidade, não voltaram as
populações dos seus países contra eles mas souberam conquistar-lhes o apoio,
conseguiram aquilo por que lutaram e todos lucraram. Como se vê, não é assim que
em Portugal se tem passado, pelo que os reclamantes não só se alhearam do apoio ao
povo soberano que desprezam com a arrogância dos pedantes mas a quem
eles próprios deveiam servir, como obteriam muito maior êxito no
alcance do almejado, o que, sem dúvida alguma, seria para o bem geral. Em lugar
de se esforçarem por dialogar, de apresentar propostas em que demonstrassem o
seu interesse pelas soluções que justamente reclamam, de irem para a rua
procurar o apoio do povo, único soberano numa democracia, como efectivamente se
viu em países civilizados, começam por exigir, querer impor com arrogância, como
se se julgassem no desempenho das suas funções de servir a população. Pior,
nalguns casos ouvimos até ameaças do género “se não obtivermos tais condições,
fazemos tal acção”. Que ralé!
A primeira medida a tomarem seria a de reconquistarem a
confiança, a consideração e o respeito dos cidadãos, evitando que a maioria
discorde dos seus julgamentos. Ou não foi esta a causa da perda da geral da
confiança pela Justiça? Se têm muito trabalho e não podem efectuar todo, pelo
menos que o pouco que façam que seja bem feito. A questão do muito
trabalho também foi posta em causa pelo Eurostat, que afirma que os tribunais e
os juízes portuguese apenas resolvem cerca de metade dos casos tratados pelos
seus congéneres europeus. Acrescenta ainda que uma parte significante dos
processos é arquivada sem a tomada de qualquer decisão. Deveriam abandonar o
orgulho desmesurado e estúpido porque infundado, que faz parte da “incultura”
geral portuguesa de hoje e demonstrar a sua dignidade (que insistem em mostrar
não ter) por acções dignas e sem arrogâncias desprezíveis e mesquinhas, expor
os problemas da Justiça à população e não aos
políticos, obrigando estes a ouvi-los. Estas não são senão algumas
possibilidades de entre tantas outras para resolver os seus problemas sem se
rebaixarem como a atitude tomada.
Temos assistido às reacções da oligarquia dos responsáveis
pela Justiça nacional, apresentadas contra a oligarquia política, como acima
descrito. Uma posição a tomar que de certo os elevaria no nível de consideração,
respeito e reconhecimento por parte do povo soberano a quem eles servem ou devem
servir – sem que necessitassem de arrogância nem de falsa modéstia para o
imporem em lugar de o merecerem – seria simples. O grande problema compõe-se de
duas partes e não duma só, como nos querem enfiar pelos olhos dentro. À parte
aquilo a que têm reagido e que à população em geral apenas interessa o que
concerne o tempo transcorrido entre o início dum qualquer caso e o fim seu
julgamento – o que por si só contraria o próprio conceito de “justiça” e da sua
utilidade – há uma outra parte de mais alta importância. É a justeza
indiscutível dos veredictos e das sentenças. Ou melhor, o problema é
precisamente a falta dela, o que por si só origina que na verdade ninguém em
Portugal confie na Justiça. É um facto. Embora as razões dum facto possam ser
discutíveis, um facto, por ele mesmo, por definição, não o é, é apenas
constatável ou não.
Constata-se com a mais nítida clareza que a justiça não
cumpre as suas funções: é estrondosamente incompetente e pode dizer-se que o seu
funcionamento, tal como se apresenta, é o maior obstáculo a que justiça seja feita dignamente.
Seja por incompetência de investigação ou por incompetência de acções ou
decisões incoerentes de magistrados e juízes, o facto constatável é que,
conhecidos e reconhecidos criminosos são afrontosa e infamantemente deixados à
solta, absolvidos ou não condenados por falta de provas. Este estado de
humilhante impunidade que se arrasta há já bastantes anos, não pode deixar de
criar enorme desconfiança sobre todos aqueles cujas funções são as de aplicar a
justiça de que os resultados demonstram a sua indecorosa, indecente e obscena
conduta.
Afinal, também os juízes, tal como a maioria dos outros
cidadãos, há já décadas que se limitam a ocuparem o lugar para justificarem
ordenados e regalias, em vez de desempenharem as funções que lhes competem com
competência. Excelente exemplo! Num tal ambiente, que de admirar a consideração
que o povo português tenha pelos responsáveis (ou irresponsáveis) pela justiça?
Não são todos estes factos do conhecimento geral e completo de toda a população?
Presentemente, à luz desta evidência, em Portugal, chegou-se ao ponto
incontestável em que ninguém acredita na justiça nem espera nada dela, a não ser
a arrogância dos incompetentes.
Assim, por não se esforçarem em serem honestos e eficientes
no seu trabalho, o julgamento do povo mete-os no mesmo saco em que se encontram
todos os que procedem da mesma forma, qualquer que seja o seu trabalho ou cargo
que desempenhem. Como poderão, pois, queixar-se da mais que justificada
desconfiança da população, ao ponto das próprias vítimas evitarem a justiça
portuguesa? Nenhum problema administrativo ou de qualquer sorte poderá ter
qualquer conexão com os resultados dos julgamentos nem os influenciar, os quais
não dependem senão da qualidade da investigação e na mentalidade e discernimento
de juízes e magistrados. Problemas administrativos, de organização, condições de
trabalho físico dos juízes e demoras, nada podem ter a ver com os resultados
gerais dos julgamentos. Pela relativa rapidez dos casos mais mediáticos podemos
até concluir que até mesmo o tempo levado e as demoras podem ser justificados
segundo o caso ser mais ou menos mediático. Auto-publicidade? Não se queixam,
limitam-se em tentar encobri-lo, simplesmente não tocando no assunto. Mas ele é
real, está bem presente, é até palpável e bem mais do que incomodativo.
Este estado, seguido como exemplo, tem sido um dos principais
factores na origem do clima de irresponsabilidade geral. A impunidade de
criminosos e de prevaricadores tem fomentado o aumento da criminalidade, a
descrença na justiça e na sua utilidade. Simultaneamente e anti-constitucionalmente,
verifica-se que a responsabilidade dos cidadãos perante a justiça tem-se tornado
inversamente proporcional ao grau das suas responsabilidades políticas ou das
suas fortunas. Donde, a igualdade constitucional perante a lei é descarada e
insolentemente escamoteada.
Como todos sabemos, e bem, a Justiça e os Tribunais,
relativamente à sua importância e utilidade, têm em Portugal um crédito e um
valor muito reduzidos. Na verdade, a confiança e o crédito expressos pelos
Portugueses na Justiça são idênticos àqueles que depositam nos políticos. Ou
seja, é inversamente proporcional à diferença entre a importância do que afirmam
e do que se espera deles por um lado, e às suas acções e resultados por outro.
Não é que “pela obra se reconhece o obreiro”? Com uma a obra tão amplamente
conhecida de todos, torna-se desnecessário repisar o assunto. Recordemos apenas
três factos amplamente conhecidos, que gritam a realidade a quem a ela
fingidamente pretender mostrar-se surdo e que ilustram adequadamente o problema
geral.
O primeiro facto é que segundo estatísticas reconhecidas como
absolutamente verdadeiras, metade das vítimas de agressão que apresentam os seus
casos à Associação de Apoio à Vítima (APAV), recusa-se a apresentar queixa
unicamente por não confiar na actuação da Justiça. Este facto é um exemplo
confirmado, o qual, portanto, demonstra que a desconfiança é geral e não se pode
limitar unicamente a quem se dirige à APAV. Não será coerente deduzir que, por
analogia, toda a população partilha a mesma opinião, a mesma falta de confiança
numa justiça corrupta? Como se não estivéssemos já conscientes deste facto!
Note-se que estas circunstâncias foram amplamente abordadas em todos os
noticiários de 22 de Fevereiro de 2006, dia mundial da vítima.
O segundo facto, já atrás abordado, é que toda a gente sem
excepção crê que em Portugal a Justiça tem bitolas diferentes, consoante quem
for o julgado. Este facto está tão enraizado nas crenças nacionais que se pensa
desnecessário tentar aqui exemplificá-lo.
O terceiro facto a recordar é que, tanto os Tribunais quanto
o Ministério Público – tal como os governos – formam entidades que se compõem de
indivíduos exclusivamente ao serviço da Nação, ao serviço dos cidadãos que
formam a Nação Estado, entenda-se. É para isso que são pagos. Jorge Sampaio
afirmou com precisão que a função dos tribunais não é a de formar uma classe à
parte, mas a de servir a nação. Qualquer um que seja corrupto ou não faça o seu
trabalho com competência (tal como com os políticos) coloca-se numa situação de
estar a roubar o Estado, ou seja, os cidadãos que os pagam por intermédio dos
impostos. Aqueles que defenderem alguém nessas condições, são, por consequência,
passíveis do mesmo crime, de acordo com o que os tribunais expressam, chagando
nalguns casos a comparar o facto a uma associação de criminosos. Se tomarmos
estas decisões jurídicas como aplicáveis, em Portugal não faltarão criminosos
nem associações por eles compostas, tanto entre as oligarquias políticas como
entre as que são formadas por juízes e por magistrados. Considerando o modo como
se comportam face às suas obrigações, não tendo a consciência nem a honra de
abandonar os seus cargos por incompatibilidade, não serão estas atitudes
classificáveis como traição ao Estado (formado pelo conjunto cidadãos)?
O que fará a maioria de magistrados, juízes e até simples
pequenos funcionários judicias demonstrarem tanta arrogância e desprezo, ou
cinismo e desdém, por todos os cidadãos? Ou seja, pelo povo soberano com
indubitável direito a ser tratado no mínimo decentemente. Quem quer que tenha
tido de ir a uma secretaria dum tribunal não pode ter deixado de notar o ar de
superioridade, nem o modo como é atendido pela maioria dos funcionários
judiciais (salvo as eternas excepções a provarem a real existência das regras,
como em tudo): até os menos arrogantes parecem atender as pessoas por especial
favor e deferência.
A arrogância é um defeito humano proveniente de deficiências
psíquicas originadas por um conjunto de falta de informação e de conhecimentos,
de ignorância, de incapacidade, de incompetência, mas também de formação cívica
e moral, de repúdio de princípios humanos e morais ou falta deles, de
mentalidade atrasada, etc. É um todo composto por todos estes ingredientes, os
quais entram na sua composição em proporções diferentes segundo os casos. A
consequente consciência do seu próprio baixo valor gera num indivíduo um
complexo de inferioridade, o qual ele tenta superar e encobrir instintivamente
com um complexo de superioridade, a arrogância. É esta a “qualidade” humana mais
comum em quem detenha até o mínimo de poder em Portugal, ou julgue tê-lo. Cada
qual se tem como superior ao seu semelhante. É pois um complexo de superioridade,
inconscientemente criado, para encobrir um outro de inferioridade fortemente
sentido mas também fortemente repudiado pelo subconsciente. Defeito de tal modo
bem conhecido pelas sociedades civilizadas e por elas evitado e rejeitado, donde,
sem receio do perigo de errar se pode afirmar com comprovada veracidade que a
arrogância é o apanágio dos incompetentes, dos ignorantes e dos estúpidos, já
que «a ignorância é a mãe da estupidez» (Vítor Hugo). Que importa que tenham
frequentado qualquer faculdade? Isso não lhes pôde fazer adquirir mais do que
conhecimentos didácticos, os quais, por falta de formação humanística, de
princípios sociais e de civismo, usam agora à toa e sem discernimento. Perfeitos
profissionais imperfeitos. Por demais, os conhecimentos didácticos em Portugal
são tão pobres que a maioria dos diplomas, licenciamentos e doutoramentos não
são reconhecidos ou equiparados pelos países avançados. O que prova isto? Um
exemplo, cúmulo do ridículo, são casos do género das assistentes sociais, cursos
médios nos países onde a assistência social não é uma expressão vã, mas a quem
cá se dá um licenciamento e pretendem ser tratadas por doutoras!
Entre os funcionários, tal como nos outros cargos no País, as
cunhas (um género de corrupção) é que funcionam. Aqueles que sabem lisonjear os
seus chefes também têm os avanços garantidos, pois os chefes, fontes da
incompetência e que se escudam por detrás das suas secretárias e subalternos,
precisam deste apoio completo e não apenas para os seus pobres egos. Não é novo,
mas é mau, por isso prevalece e continua a ser uma praga que se estende por toda
a administração, incluindo nos campos aqui tratados.
Profunda corrupção ao natural, ao ponto de numerosos serem
aqueles de que já nem se dão conta. Considere-se ainda que contrariamente ao que
muitos dos interessados nos querem impingir, a consideração e o respeito não são
atributos profissionais, mas méritos que se conquistam pelas qualidades pessoais
demonstradas em valores humanos e profissionais. Infelizmente,
constata-se que políticos, magistrados e juízes portugueses, na sua
generalidade, não satisfazem às condições mínimas que lhes dariam
direito ao respeito e à consideração que deveriam ir de par com as
suas funções. Sem dúvida alguma que há muitos juízes, magistrados e
políticos portugueses merecedores do maior respeito e consideração (ainda que nunca
possam deixar de ser servidores do povo soberano), felizmente; mas o problema
actual, infelizmente, é geral, não se encontrando limitado a nenhuma
profissão nem classe, donde, inclui igualmente os responsáveis pela Justiça. A
deterioração continuada das qualidades, dos valores e dos princípios, como
verificada nas últimas décadas, atingiu a maioria da população do mais alto ao
drogado, sem distinção de cargo nem classe. Assim sendo, porque deveriam os
juízes ter escapado? Ou melhor, como poderiam eles ter escapado?
(Instrução)
Qualquer pessoa, de formação jurídica ou não, ou até qualquer
cidadão ignorante, que por qualquer motivo se tenha visto obrigado a frequentar
as secretarias dos tribunais, cíveis ou criminais (para além do atrás citado)
não pode tê-lo feito sem se ter dado conta do modo como elas funcionam. Estamos
em plena era feudal concreta e palpável. Se compararmos esta situação ao sistema
em uso em Inglaterra no séc. XII – na altura apenas futuro berço da Magna Carta,
mãe da maioria dos actuais sistemas democráticos, para não se aplicar tanto
rigor – seremos obrigados a constatar muitas similaridades. Cada tribunal é um
feudo. Cada juízo ou vara é um xerifado. Os regulamentos de trabalho podem ser
iguais ou diferir completamente de um para o outro, e até contrários, entre
feudos e/ou xerifados. Referem-se aqui as relações entre os tribunais e o
público, no âmbito do início deste parágrafo. Devido às suas frequentes ou
permanentes relações com os tribunais, qualquer advogado o testemunhará pelo seu
conhecimento do assunto, sabendo até esta cantiga de cor. Exemplos sobre
entregas de sentenças e acórdãos: uns entregam-nas automaticamente aos
principais interessados, outros só mediante requerimento com certidão; uns
exigem pagamento outros tomam a entrega como um direito adquirido dos principais
intervenientes (autores e réus, ou equivalentes). Afinal, não é esta outra
fantochada, atestando a completa desorganização ou – se assim se pretender –
ausência de regras de cumprimento e de procedimento dos tribunais, onde essa
ausência (ou incumprimento – escolha-se) de regulamento foi substituída por “em
cada juízo ou vara, cada um faz como quiser e bem entender”? Assim, nesta
desregrada barafunda e prepotência, vai a organização da Justiça portuguesa.
uma autêntica bandalheira, como se pode verificar na segunda semana de
Novembro de 2006, quando processos desapareceram à dezenas das
secretarias do tribunal de Évora. Nas circunstâncias que se vivem é
menos de nos interrogarmos se estes processos não teriam desaparecido
com a colaboração de algum funcionário corrompido.
Alguns casos de secretariado de tribunais, dependentes do
arbítrio de juízes, bradam aos céus pela idiotice de certas exigências que se
diriam de atrasados mentais, por conseguinte impostas por outros atrasados
mentais. Claro que por cada feudo aplicar as suas regras, é mais um caso que de
modo nenhum pode ser generalizado. Este caso que se passa agora a relatar é o de
um juiz que na redacção da sentença se enganou no nome de um dos principais
intervenientes, trocando os seus apelidos por outros quaisquer, de ninguém
relacionado com esse processo, nem se sabendo onde os teria ido buscar. Ao se
pedir uma certidão da sentença, nesta, obviamente, figurava o erro mencionado.
Um juiz tem a maior responsabilidade na tomada das suas decisões, as quais podem
causar danos irreparáveis de piores consequências do que violações aos Direitos
Humanos. Todavia, não sendo este o caso, pode-se muito bem dizer “errare humanum
est” e admitir aos juízes outros erros sem grande consequência nem gravidade,
como o do presente caso, por demais que, durante o julgamento, o juiz em questão
tinha demonstrado ser uma das excepções conscientes e dignas de máximo respeito
e consideração. O que é de espantar é que, para que ele procedesse à correcção
do seu erro, exigiu que o requerente da certidão entregue contendo esse erro
requeresse ele próprio a que se procedesse à sua correcção! Ao que parece, quase
nem se justifica perguntar aqui se será correcto, lógico ou concebível que outra
pessoa, completamente alheia à origem do erro vá requerer a sua correcção. Não
se condena o erro do juiz, mas o procedimento escolhido para o corrigir. Serão
os tribunais equiparáveis a manicómios disfarçados? Num país civilizado até um
rebento de 8 anos teria optado por uma solução mais apropriada e inteligente.
Com tal mentalidade que grassa por todo o país, até entre os mais instruídos,
que se poderá esperar do futuro próximo do país e dos seus cidadãos?
«Portugal é um “El Dorado” para a impunidade criminal», disse
um advogado do Conselho da Ordem dos Advogados num noticiário da TVI, em
23-5-00, «em que só os pilha-galinhas e os drogados menores são condenados».
Desde então, tem a situação melhorado ou piorado? Entre as várias causas do
aumento da criminalidade em Portugal em todas as idades, apontadas por
sociologistas, psicologistas e outros especiólogos relacionados, a impunidade é
considerada como sendo a principal. Não é este de certo um facto que abone pelo
bom nome da justiça nem pelo dos juízes e magistrados, nem justifica como estes
se pretendem arrogar, visto a sua existência se dever às incapacidade dos
investigadores policiais e aos meios de que ambos dispõem, assim como a muitas
decisões “inteligentes” tomadas pelos tribunais e desaprovadas pelo povo
soberano. A não ser que a função duns e doutros seja a de contrariarem o povo de
que são servidores, acto a desempenhar com humildade e não com a arrogância quie
pavoneiam.
Por aqui ainda se avalia a impostura, indubitavelmente mal
intencionada dos políticos na aplicação da estúpida mezinha de porem mais
polícias na rua para a resolução deste problema. Não querem copiar dos países
civilizados o que está provado estar bem e resolveu esse problema para não
chegarem a uma solução? Ou só terão inteligência para copiar os métodos dos
países atrasados, sendo estupidamente incapazes de copiar soluções provadas dos
países avançados onde a criminalidade é quase inexistente? Outras alegadas
razões para esta medida incluem a repressão dos mais pequenos tipos de crime,
escondendo-nos que estes são quase unicamente dependentes do estado de pobreza
geral. Tal como se verifica em todo o mundo em geral, quanto maior a miséria do
povo maior a pequena criminalidade. Nos países democráticos (a democracia não
pode dispensar a distribuição igual da riqueza por todos os cidadãos) é onde
este tipo de criminalidade é o mais baixo. As estatísticas e a experiência são
suficientemente expressivas para que só estúpidos as possam contestar ou que o
façam confiantes na certeza da ignorância popular ao ponto de neles acreditarem.
O que já não será por estupidez, mas por evidente malvadez. Serão tão
mentalmente tapados e estúpidos a ponto de não constatarem que são os países com
melhore justiça social onde o crime é mais baixo? Basta comparar os E.U.A com os
países nórdicos da Europa. Ou quererão convencer-nos de tal bestialidade por
simples e pura malvadez?
A diminuição constante das condições de vida provoca um
crescimento constante da pequena criminalidade dependente da falta de justiça
social, assim como do número dos que a praticam por cada dia haver mais pobres.
Entretanto, cada vez mais pessoas compreendem esta situação em que cada vez há
mais pequenos criminosos que o são por necessidade. A pobreza é a origem
indirecta da pequena criminalidade. É evidente que estes diferentes crescimentos,
paralelos e interdependentes, que se acompanham, criam uma camada social que não
pode deixar de confluir a uma criminalidade mais pesada, com tendência a
organizar-se e a alastrar-se, tal como ultimamente se vem verificando. Qual
seria o resultado de pôr mais polícias na rua, como nos dizem os corruptos
falsos e malvados? Os resultados das medidas utilizadas pelos sucessivos
governos portugueses só podem demonstrar que, pelo menos até à data, são
compostos de castrados mentais ou de malvados. Repete-se que há excepções e
lembra-se de que são elas que provam a regra.
Não pode deixar de se lembrar que um estado em que a Justiça
não funcione ou que funcione como em Portugal, o que é o mesmo por outras
palavras, não é um estado de direito; quem o afirmar mente desavergonhadamente.
Não cumprindo a sua função, a Justiça não salvaguarda nem defende os direitos
dos cidadãos; não assegura nenhuma justiça. Não assegura sequer a existência dum
estado de direito. O que justifica as demonstrações de arrogância que se
observam da parte de juízes, em lugar de cumprirem o seu dever. Claro que como
em tudo há excepções, o que só vem confirmar a regra. Contudo, a falta de
confiança nos Tribunais tem sido de tal grandeza que muitos lesados não confiam
na Justiça oficial e se propõem substitui-los, fazendo justiça pelos seus
próprios meios, única maneira de a obterem, segundo eles.
O descontentamento geral e total da população em relação a
ela demonstra nitidamente a situação da Justiça em Portugal: ninguém confia na
Justiça, pelo que todos a evitam, já que nunca se sabe quem vai ganhar ou
perder, é um verdadeiro jogo de sorte e de azar. Não é alarmante o crescente
número de pessoas que assim pensa? Haverá algo mais explícito do problema da
Justiça em Portugal do que este sentimento geral? Poderá alguém negá-lo,
desdizê-lo ou menosprezar o seu valor, importância ou significado ao nível
nacional? Para os culpados e causadores deste estado, a culpa não é deles,
claro, é sempre dos outros. Tudo o que pretendem é mais uma vez tentar
atirar-nos areia aos olhos.
A desconfiança total pode manifestar-se de modos diferentes
segundo os casos. Os políticos não se calam de gritar que confiam na Justiça.
Berram-no com tanta força e martelam tanto sobre o assunto, que só um parvo
acreditaria que fosse verdade. Façamos de conta que assim seja. No entanto, o
mal da Justiça é 90% de sua culpa e são eles aqueles que quando algum problema
os toca reagem com maior estrondo.
Infelizmente, não é tudo, nem poderemos recitar tudo tintim
por tintim, mas há casos exemplares. O criminologista Prof. Dr. Barra da Costa,
esclarece que os juízes e tribunais exercem pressão ilegal sobre quem divulgue
sugestões sobre casos em julgamento (pior do que a antiga censura da imprensa).
Segundo ele, em lugar de ordenar escutas telefónicas aos burlões e outros
vigaristas do género que enganam as finanças, incluindo os próprios funcionários
das Finanças ou outros que demonstram sinais de riqueza infundada ou
injustificada, mandam-se fazer essas escutas a jornalistas incorruptos (já são
tão poucos…) e a outros cidadãos que oferecem sugestões lógicas e válidas sobre
casos em julgamento e que eles desprezam por estupidez e arrogância, sobretudo
no que respeita à investigação e provas em que esses casos se baseiam. Isto foi
afirmado por ele na SIC em 10-11-05, cerca das 12h50. Como profissional e não se
lhe podendo atribuir razões políticas (falsas), assim como conhecendo o estado
real da Justiça em Portugal, as suas palavras parecem ser mais do que credíveis.
Um outro ponto relevante é a maneira como os juízes
ultimamente têm teimado em classificar-se a si próprios. Os juízes não querem
mais continuar a fazer parte da soberania do Estado. (Nem poderiam, numa
democracia, mas estão convencidos de que fazem.) Ao fazerem greves abdicam dela
voluntariamente. Os soberanos não fazem greves. Fazendo-as, rejeitam o seu
estatuto. Não é este conjunto de factos também uma prova evidente de que se
estivéssemos numa república das bananas estaríamos, de certo, a um nível
superior àquele em que nos encontramos? Não se comporta este Estado como um
Estado rasca, relaxado, vil e abandalhado? Como quer alguém que os simples
cidadãos procedam ou se comportem de um modo mais conveniente, democrático e
civilizado do que os seus governantes e juízes, que deveriam dar o exemplo? E
dão. Não exageremos pretendendo o impossível.
No entanto, tudo isto está fundamentalmente errado por ser
anti-democrático. A realidade é que tomar os juízes ou a ou a quaisquer outros
por soberanos é apunhalar a própria democracia nas costas; é confessar que não
se trata duma democracia, visto por princípio básico o único soberano numa
democracia ser o povo. Os juízes, os deputados, os governantes e todos os outros
não passam de servidores da democracia, servidores do povo soberano,
limitando-se a executar o que este determine. Quem quer que diga o contrário só
o pode fazer por embuste e traição à democracia. Os que presumirem que a farsada
é melhor, que lhe dêem outro nome e que não sujem o nome da democracia.
Infelizmente, não é tudo, nem poderemos recitar tudo tintim
por tintim, mas há casos exemplares. O criminologista Prof. Dr. Barra da Costa,
esclarece que os juízes e tribunais exercem pressão ilegal sobre quem divulgue
sugestões sobre casos em julgamento (pior do que a antiga censura da imprensa).
Segundo ele, em lugar de ordenar escutas telefónicas aos burlões e outros
vigaristas do género que enganam as finanças, incluindo os próprios funcionários
das Finanças ou outros que demonstram sinais de riqueza infundada ou
injustificada, mandam-se fazer essas escutas a jornalistas incorruptos (já são
tão poucos…) e a outros cidadãos que oferecem sugestões lógicas e válidas sobre
casos em julgamento e que eles desprezam por estupidez e arrogância, sobretudo
no que respeita à investigação e provas em que esses casos se baseiam. Isto foi
afirmado por ele na SIC em 10-11-05, cerca das 12h50. Como profissional e não se
lhe podendo atribuir razões políticas (falsas), assim como conhecendo o estado
real da Justiça em Portugal, as suas palavras parecem ser mais que credíveis.
Não obstante o que ficou narrado, em 13-1-06 ouvimos sobre as
escutas feitas aos políticos durante o período de instabilidade causado pela
queda do governo de António Guterres, a ascensão de Ferro Rodrigues e a eleição
de José Barroso. Estas escutas incluíram as pessoas que ocupavam os mais altos
cargos da nação, como o presidente da república, o presidente do parlamento, o
primeiro-ministro, assim como muitos outros, todos do partido socialista, aquele
que foi substituído no governo. Disse-se terem sido feitas no âmbito do processo
da Casa Pia, mas dado que todos os escutados eram militantes do mesmo partido,
é-se livre de imaginar outros motivos bem prováveis num país onde a democracia,
a justiça e os direitos dos cidadão não passam de palavras vãs firmemente
afirmadas com a óbvia única intenção de as espezinhar no interesse das
oligarquias. Não será claro? As circunstâncias indicam uma vendetta no conhecido
estilo da Máfia.
Vivemos numa “justiça” formada por uma procuradoria por um
lado, juízes por outro, Judiciária no meio, que têm a super arrogância de
ordenar escutas a torto e a direito sem razão plausível (no caso focado com mais
do que prováveis motivos políticos), imiscuindo-se na vida dos cidadãos apenas
por seu querer e determinação, quando estes métodos estão claramente
classificados na constituição como apenas a utilizar em casos especiais. Nem no
tempo mais duro da ditadura se procedia dessa forma. Havia escutas, não haja
dúvida, mas não em tais proporções gigantescas como agora.
A excepção tornou-se regra aplicada por rascas
anti-democráticos corruptos e pedantes orgulhosos. Uma situação em que todos se
arrogam razão e em que ninguém se tem como responsável por seja o que for.
Corruptos intocáveis. Que temos aqui de semelhante a uma democracia? E tudo em
nome duma Justiça que disso mais não do que o nome. Uma justiça palhaça. Palhaça
por ser coordenada por palhaços.
É esta a paródia de justiça que temos. É esta a democracia
fantoche em que vivemos. A corrupção e a podridão cercam-nos por todo o lado,
mas na Justiça é o pior de tudo. Pelo constatado certificamo-nos também como uma
justiça fantoche se relaciona melhor com corruptos do que com correctos.
>Paródia de justiça. Os tribunais são o palco da arrogância e
não da justiça. Demonstração da arrogância, apanágio geral dos Portugueses,
tanto daqueles que detêm algum poder, como dos demais. Não assistimos
frequentemente a julgamentos que mais parecem um altar à arrogância? Felizmente
que também temos assistido a julgamentos calma e sabiamente dirigidos com
mestria, bom senso e capacidade, só que estes últimos se fazem raros. No fim de
contas, talvez não haja assim tanto motivo para muita admiração acerca da
conhecida situação da Justiça. Afinal, não cresceram os juízes com o resto da
população, e não foram eles também educados pelos pais? (ver sob
Instrução)
Porque pretendem então eles que os tratem como se a uma raça superior
pertencessem? Orgulho de estúpidos ditatoriais?
Não esqueçamos que os primeiros responsáveis pelos males da
Justiça, tal como por todos conhecidos e que oprimem a população deste pobre e
explorado país, não são os juízes, mas os políticos que fazem a legislação que
eles aplicam, que devem responder pela sua organização e subvencionar as suas
carências. Dito isto, não se podem ilibar juízes nem magistrados pela
responsabilidade dos restantes problemas que causam, inclusivamente na aplicação
dessa legislação, mesmo que defeituosa e indigna. Que se atirem as culpas uns
aos outros ninguém se admira num país onde a auto-desresponsabilização
generalizada se tornou quase numa característica genética. Que se atrasem os
processos por manha e interesse, não é de esperar de quem se comporta como eles
e faz os espectáculos que os ridicularizam aos olhos de todos?
[ Conteúdo ]
|