Grande Scoop – Jornalistas Elegem Presidente da República dos Bananas
Os Candidatos
1ª Parte – 1ª Volta
Afinal, qual será o melhor candidato para presidir a nossa república de miséria,
no estado de desgraça em que políticos incapazes, gananciosos e corruptos com tanto êxito se têm esforçado em
colocá-la?
Resposta difícil a partir dum certo ponto. Mas até esse ponto é relativamente fácil de decidir,
ou seja, de pôr de parte quem provou não merecer a confiança dos Portugueses, mostra ou mostrou uma inclinação
doentia para nos enganar. Os políticos, numa matéria em que os portugueses ocupam lugar de destaque, não vivem
para a política mas da política, ou seja, à custa da política, tornando-se alguns autênticos parasitas. Não servem o
país nem o povo que os elege unicamente com esse objectivo, servem-se dum e do outro, tal como sanguessugas
e julgando-se acima de tudo e de todos. Se assim não se julgassem, mesmo depois de terem enganado e desgraçado
toda uma nação por sua má administração e corrupção, ou no mínimo admitir que os seus governos se apoderassem
duma parte dos fundos europeus para o desenvolvimento do País e que o restante fosse mal aplicado por má e incapaz
administração, não teriam a ultrajante coragem de em lugar de permanecerem bem caladinhos e com vergonha do que
fizeram, mostrando, pelo menos, um mínimo de arrependimento, atirarem-nos às ventas com a sua perfeitamente
injuriosa candidatura à Presidência da República.
Facto comum a todos menos um e de provocar a maior hilaridade, de ridículo que é, é eles terem o
desplante de nos dizerem que são candidatos independentes e não partidários. Se assim fosse, porque haviam os
partido de os apoiar? Paradoxo? Como se tal fosse possível. Até mesmo sobre aquele a quem o seu partido traiçoeira
e velhacamente lhe puxou o tapete por debaixo dos pés, alguém acreditará que se for eleito abandonará as ideias
que toda a vida defendeu? As ideias poderão ser boas e justificáveis, mas sempre partidárias. Sem ilusões, o único
modo de ter um Chefe de Estado apartidário seria que ele fosse rei. E mesmo assim isso não o poderia impedir de
ter preferências. Todavia teria crescido e sido educado como sendo a sua única finalidade a de defender os
interesses da sua nação acima de tudo e contra tudo. Qual foi o presidente de qualquer república que teve tal
formação? Aqui também e como de costume em quase tudo, os países do norte da Europa continuam a dar-nos lições e a
mostrar-nos os exemplos daquilo que os colocou no lugar que com saber e honestidade conquistaram e ocupam na
democracia e no bem-estar dos seus cidadãos. Tudo coisas que os políticos portuguesas não deixam de desvalorizar e
de nos enganar no único intuito de valorizarem a sua própria falsidade e comum corrupção.
De todos os actuais candidatos, de entre os que deram provas das suas capacidades e têm credenciais
a falarem por eles, um único chefiou governos que durante todo o tempo em que ele os encabeçou receberam montanhas
de dinheiro da União Europeia, chegando a receber mais de um milhão de contos por dia em nome dos Portugueses, a fim
de preparar o futuro destes. Quando deixou o governo havia um défice superior a 5%! É obra!
E qual foi o resultado do seu trabalho? Que fizeram ele e os seus governos pelos Portugueses? Todos os
Portugueses conhecem a resposta exacta a estas perguntas: – A miséria para que atiraram o País e os seus cidadãos.
Em primeiro lugar, os fundos de reestruturação foram mal aplicados por diversos motivos. Um deles foi
que a burocracia impediu imensos candidatos de lhes chegar. Claro que isto foi melhor para aqueles que lhe chegaram, pois
que puderam ficar com uma parte maior. Em consequência, a maioria desses fundos acabou por ser
distribuída quem
tinha “padrinhos”, amigos do governo nas instituições que os distribuíram, dinheiro suficiente para pagar economista e
advogado para lhe os requisitar, etc. Isto não é, aliás, estranho aos usos que ainda perduram. A célebre e tão conhecida
cunha que em Portugal não mudou em nada de nada desde a Abrilada. O único que mudou sobre isto foi aqueles que lhe
dão acesso. Tal como muitas outras mudanças que aqueles que guardam a memória bem conhecem. Em conclusão, (1)
os fundos europeus não foram judiciosamente aplicados por má administração. (2) Os fundos europeus não foram
judiciosamente aplicados por motivo de corrupção (cunha).
Em segundo lugar todos aqueles que na altura tinham idade de conhecimento se lembram do enorme
número de “novos ricos” que começaram a abundar no país quando se começaram, a receber os fundos de reestruturação
europeus. Havia então um eminente economista no governo, o qual não se deu conta deste facto que, todavia, não passou
despercebido a nenhum outro cidadão fora do governo! Incompetência ou concordância com o facto, com a má administração
e com a corrupção? Conivência e cumplicidade? Só um certo número de cidadãos (os governantes) não se deu conta das
propriedades, andares, prédios, montes, etc., comprados por aqueles a quem os fundos tinham sido atribuídos. Sabendo isto,
haverá alguém que pense que os políticos eram “tapados mas sérios”, não tendo deitado a mão a nada em seu próprio
proveito? Não será este também o motivo principal porque nenhum governo até hoje tomou a iniciativa de desvendar as
contas bancárias para evitar “destapar” os segredinhos destes senhores? Sobre tudo quando nos outros países europeus o
assunto foi há muito, muito ultrapassado.
Actualmente é apoiado pelo seu partido, o qual não tem uma ideologia declaradamente contra o
povo em geral, mas que tem tido muitas idiossincrasias, sendo a última o pequenote do seu chefe. Este tem
verdadeiros problemas mentais, pois que só assim se compreenda as infindáveis contrariedades nos seus discursos e
alocuções. Basicamente, passa o tempo a criticar o governo pelas decisões que este tome. O problema não é que o
governo não tenha frequentemente tomado decisões altamente criticáveis. O problema com o pequenote reside no facto
que ele critica certas acções que anteriormente apoiou quando tomadas pelo seu próprio partido e que agora
critica. Por outro lado, quando o governo toma uma atitude no sentido duma sua crítica anterior, ele também
critica. Assim, deixa-nos ele com a a justa sensação de que critica tudo, mesmo as suas próprias ideias e
que ele já apoiou, desde que não sejam postas em prática pelo seu partido. Parece absolutamente judicioso que
perguntemos: – Que confiança pode merecer tal pequenote e tal partido? Como já afirmado algures, o mal não
está nos partidos (neste também não), desde que não sejam extremistas, o mal está nos seus dirigentes, nas pessoas
elas mesmas. Além deste apoio altamente questionável e com fortes aparências de demência, tem ainda o candidato em
causa o apoio de outras personalidades que no passado se distinguiram pelas suas ideias e tomadas de posição
altamente questionáveis por serem em favor de meia dúzia de privilegiados e em declarado desfavor dos interesses
da população e contra ela em geral
Em guisa de fecho deste capítulo, digamos que os fundos europeus de reestruturação foram delapidados
por má administração e corrupção dum governo chefiado por quem agora pretende evidenciar-se como um salvador numa
situação por ele próprio criada, e impor-se para a presidência da república. Tendo em atenção a pergunta do primeiro
parágrafo, chegámos à primeira conclusão: – Talvez não saibamos qual será o melhor candidato para presidir a
nossa miserável república, no estado de desgraça em que políticos gananciosos e corruptos com tanto êxito se têm
esforçado em colocá-la, mas pelo menos já sabemos porque devemos excluir um deles com fundamento inabalável.
Segunda Parte – 2ª Volta
Após alguns esforços de memória, já chegámos à conclusão de quem de certeza não nos serve, por
durante muitos ter demonstrado a sua vontade e capacidade em nos atirar para aquela que é hoje a mais baixa e profunda
miséria europeia. Facto comprovado e não uma alegação como barro atirado à parede a ver se pega. Claro que se nos
sentimos bem a nadar na m****, devemos votar em quem, como já vimos, já bem fundo nela nos enfiou. Ou será que
se quer eleger quem assim procedeu como recompensa?
Tendo, pois, passado esta fase de eliminatória ou primeira volta, vamos ver o que, pelo menos
por alto, podemos apurar sobre os outros candidatos.
Dos que estão mais à esquerda, não será de esperar que defendam os interesses dos mais
desfavorecidos o melhor que saibam e possam? Era de esperar que sim, mas nem sempre assim parece ser. Pelo menos
quando constatamos que, com o fito dos sacarem mais votos, vemos partidos – ou candidatos – armarem-se em
defensores de certos grupos privilegiados, em verdadeiro desfavor pelos mais desprezados pelos políticos.
Numa Europa em que todas as condições de trabalho e de reforma têm sido e continuado a ser mais
favoráveis que em Portugal – como aliás em tudo o resto, e isto não constitui novidade – a idade da reforma não
tem parado de aumentar, por razões válidas mas aqui não abordadas por se terem justificado devido às
circunstâncias. Em Portugal vemos alguns armarem-se em cavaleiros andantes e tomarem a peito a defesa dos
privilegiados. Em tudo isto, o que mais aflige o pensamento é eles não parecerem preocupar-se uma cheta com os
mais de dois milhões de reformados que vivem com menos de € 260/mês. A quem os políticos constrangem à
fome e à miséria e a quem retiram os medicamentos. Digam o que disserem, dêem as desculpas que derem, só por
malvadez se fazem tais acções. Nem com tantos casos semelhantes que desprezam sem quererem tampouco
abordar. Os dois milhões a viverem com menos de € 260/mês já perfazem 20% da população total, mas ainda que estes sejam os mais desvalidos,
infelizmente a desgraça é bem mais abrangente. É verdade que em Portugal todos os nivelamentos têm sido feitos por
baixo. O que não impediu e até ajudou a que se chegasse ao ponto actual. Também é certo que os direitos adquiridos
deveriam ser intocáveis. No entanto, este caso de alguns partidos de esquerda defenderem a idade de reforma
prematura para alguns que sem razão pretendem manter privilégios anti-constitucionais, apresenta-se dum modo diferente.
Inventam razões, como os agentes da PSP dizerem que não podem ir trabalhar de bengala. Vejam-se lá os
coitadinhos!... Então a Polícia não tem tantos agentes em serviços de secretariado, de investigação e noutros?
Pois que tirem de lá os jovens que lá colocaram e substituam-nos pelos mais velhos. Os mais velhos também
fazem falta, com tanto trabalho interno (até demasiado) não é necessário que façam trabalhos externos, têm
melhores conhecimentos e experiência que devem ser aproveitados. Isto é apenas um exemplo entre muitos e não vale a pena entrar aqui em
mais detalhes sobre razões que todos conhecemos, ainda que alguns não queiram reconhecer. É justo, ponto final.
Agora, até a senhora deputada Odete Santos – alguém que nos tem convencido da sua rectidão,
objectividade, que pensa acertadamente e com os seus argumentos geralmente bem fundados – vem defender os pobres
dos juízes e dos magistrados, das suas férias e privilégios. Não querem ser cidadãos como os outros, mas a
Constituição contraria essa pretensão. O atraso nos processos de certo deve-se sobretudo à organização dos
tribunais, à legislação complicada e defeituosa, elaborada por (dir-se-ia) pessoas com problemas de raciocínio, à má administração geral
que tudo assombra, mas também todo o pessoal dos tribunais (incluindo os juízes) não é completamente alheio ao
problema. Pedantes incompetentes encontram-se igualmente bem distribuídos por todas as camadas da população, não
se compreendendo que tal não se passa com juízes e funcionários judiciais, visto fazerem parte integrante da
população, da raça, se assim o quisermos especificar; que o queiram reconhecer ou não, o seu querer em nada afecta
ou muda o facto. Basta passarmos por algumas secretarias, assistirmos a alguns julgamentos ou lermos algumas das suas
redacções e tentarmos compreender como chegam a tantas conclusões erradas, para formarmos uma pequena ideia sobre
as algumas das causas do problema. Será que a população está de acordo com muitas sentenças? Afinal os tribunais
são órgãos de soberania precisamente porque se destinam a servir a Nação, ou seja a população da Nação. Uma nação
sem povo não é uma nação, não existe. E essa população não parece estar muito contente com a sua actuação por
vários motivos que não dependem senão dos tribunais. Ouvimos o presidente do supremo dizer que as férias são para trabalhar de
outra forma. Mas que bela organização!!! Se assim é, então que mudem o nome às férias. O governo também meteu a
pata na poça nalgumas das referências que fez ao caso, mas isso não dá todas as razões à outra parte nem as
absolve sine dubio.
O problema, no que respeita aos políticos, é já velho em Portugal e é a principal causa da
miséria que lavra pelo país, é que eles não se ocupam de problemas prementes e reais da população por não darem
votos (onde está a novidade?), mas levantam multidões e apoiam greves perfeitamente estúpidas por razões de
injustiça, fazendo grandes espalhafatos, porque isso sim, dá votos. (Como nos dois parágrafos anteriores,
sobretudo como no primeiro porque é dos dois o que mais votos dá.) Que confiança nos podem merecer tais
trapaceiros? Poderá tal gente merecer a nossa confiança política?
Ainda restam dois candidatos. Estranho, que podemos pensar deles? Um, bem ou mal já desempenhou
a sua parte. Se é e era assim tão bom como pretende, não nos pudemos nem podemos aperceber. Quando assim foi,
aqueles que se lembram recordarão que ele nada fez para impedir que os governos do seu tempo tivessem traçado o
caminho que conduziu Portugal à miséria. Que faria ele agora, de novo na presidência? No mínimo imaginável! Ou nada,
como no anterior.
O último já tem um longo passado e tem mostrado certas aptidões, seriedade, idoneidade e muitas outras qualidades.
Não se cala quando tem razão, mesmo se com isso incorre em criticar o seu próprio partido, facto quase inédito em
Portugal, que demonstra a sua procura pela justiça e pela honestidade. muito importante também, até hoje ninguém o incriminou por qualquer acto
baixo ou menos honesto, discurso falso, despropositado ou enganador,
facto raríssimo para um político. Tão raro que parece ser uma verdadeira excepção. De meu conhecimento nada há que se lhe possa reprovar. Tudo isto parece
inacreditável quando se trata dum político. Só que, através dos anos, se tem visto relativamente pouco na
televisão pois os jornalistas não procuram nem elegem nem gabam o que está bem porque isso não faz audiências; o
grande espalhafato e o scoop são a especialidade dos nossos jornalistas de televisão, ou o futebol. Afinal, talvez seja ele uma dessas raras excepções que provam as
regras. Nem todos os políticos são corruptos e gananciosos, é só a esmagadora maioria.
O que aqui fica não pretende ser uma análise exaustiva dos candidatos e estamos cientes
da existência de lacunas. É, pelo menos, um resumo das circunstâncias mais evidentes e indiscutíveis. Como a
análise não é exaustiva, depreende-se que mais se poderia acrescentar, pelo que, quem pretender fazê-lo fica
convidado a fazê-lo por intermédio do Livro de Visitas. Se desacordar ou quiser fazer
sugestões, também lá as pode assinalar.
Quando não sabemos em quem votar, seja por nenhum dos candidatos ou dos partidos merecerem a
nossa confiança, seja por nenhum se identificar com os nossos ideais, ou por qualquer outra razão ficamos profundamente
indecisos, nunca devemos deixar de cumprir a nossa obrigação. Afinal, há sempre uma maneira
de manifestarmos tanto o nosso apoio como o nosso desacordo. Abstermo-nos e desistirmos é uma falta de cidadania e
uma cobardia. Nunca teremos razão de nos lamentarmos pelo percurso que a vida e o País tomarem, nem jamais teremos
o direito de incriminar alguém por isso se afinal nós não manifestámos a nossa vontade.
[ Conteúdo ]
Presidente Eleito Pelos Jornalistas
Em toda a Europa se conhece o que a corrupção e má administração dos governos de Cavaco e Silva
fizeram dos fundos europeus em Portugal, o que originou a miséria actual dos portugueses. Na base deste
conhecimento, imagine-se só o que pensam os povos europeus sobre a demonstração de inteligência do
povo português ao eleger o carrasco que lhe tramou a vida. A questão de não o dizerem abertamente não
significa que não estejam cientes do facto e que não tenham a sua opinião. Quem quer que tenha lidado com
estrangeiros nos seus próprios países compreenderão esta observação.
Quem se admirará por os portugueses serem tidos
por atrasados mentais? O facto de nos outros países se estar muito melhor informado do que se passa em Portugal do que os próprios portugueses, revela bem como a população portuguesa está
perfeita e profundamente anestesiada pelos políticos e enganada pelos jornalistas que a desviam da maioria dos
assuntos importantes, frequentemente encobrindo corruptos e acções indignas. No entanto os noticiários estão
cheios de lixo desnecessário e duram o dobro do tempo ou mais do que os que são apresentados nos outros países.
Alguém que conheça como o novo presidente governou o país quando foi primeiro-ministro, assim
como as consequências com que agora estamos arcando, poderá crer que alguém tivesse votado nele, a não ser os que
ganharam com o método ou que não estejam ao corrente?
Factos são factos e com efeito, Cavaco e Silva, em lugar de utilizar (ou mandar utilizar) os fundos
comunitários, no mínimo de modo comparável ao que se fez nos outros países, na altura tão atrasados como Portugal,
como a Irlanda e a Finlândia – em que se promoveu a reestruturação desses países e a sua preparação para o futuro
com métodos e tecnologias modernas, reciclando-se tanto a mão-de-obra como os empresários – tomou uma medida mais
simples e que produzia muito mais votos: pôs o dinheiro a circular e disse aos trabalhadores que continuariam com salários baixinhos, mas
iam poder comprar o que quisessem. Já todos se
terão esquecido? Se esta manigância passasse despercebida – como acabou por passar com a ajuda dos jornalistas que
a encobriram – seria um sucesso para o partido no governo. E porque o fez ele assim? Só podem ter havido duas razões. Grande quantidade de dinheiro a
circular daria a ilusão de se estar rico, no que toda a gente inocente e inexperientemente acreditou, atribuindo
erradamente o facto a uma boa governação. Como não
houve reciclagem, obviamente também não houve desemprego: era a grande euforia dos incautos e ignorantes pelo lado da
população, a garantia de serem votados pelo lado dos políticos.
Seria um professor de economia capaz de
tamanha estupidez? Tudo é possível, mas não é de crer. Todavia, de que o fez todos sabemos que sim. Se o fez
instigado pelo seu clã oligárquico ou por sua alta recreação, isso é irrelevante e não importa. O que importa é
que o fez e que era ele o responsável número um. As consequências de acontecimentos semelhantes nunca podem vir de
imediato, só se podendo começar a sentir quando o efeito do dinheiro posto em circulação se começar a esbater. No
presente caso, as consequências foram o atraso completo e a miséria em que o povo
agora vive, excepto os parasitas e corruptos que na altura se aproveitaram da ocasião para se enriquecerem. Claro, há
as excepções dos
poucos
que vingaram pelo seu próprio trabalho e esforço, todos o sabemos e é isso mesmo, são as excepções que provam a regra.
Excepção também, é ser Portugal o único país europeu em cuja população se verifica o maior fosso entre ricos e pobres e que teve a sua
origem nesse desgoverno abusivo e anti-nacional. Foi também no seu tempo que se construíram as estradas assassinas
que continuam a ceifar as vidas dos cidadãos, tanto dos inconscientes e maus condutores incivilizados como dos
restantes. Outro facto de que todos parecem ter-se esquecido, até aqueles a quem os construtores destas estradas
assassinaram os seus pais, filhos e outros familiares e amigos. Foi ainda durante o seu último governo que ele
mandou reduzir as vagas para admissão dos cursos de medicina nas universidades. Todavia, parece que a população que
tanto tem reclamado pela falta de médicos não relacionou os factos e se esqueceu completamente dos sofrimentos que
esta decisão lhe tem infligido. Povo atrasado e incauto, enganado por jornalistas incumpridores dos seus deveres de
informação e presa fácil de políticos, tal como no "Capuchinho Vermelho", mal intencionados e com capa de bondade.
Não lhes vêm os dentes, nem as orelhas, nem nada.
Não é estranho que o responsável número um tenha sido eleito pelos votos daqueles a quem
desgraçou as vidas? Nas reportagens que acompanharam a candidatura de Cavaco e Silva, apresentadas pela
televisão, não ouvimos tantas pessoas repetidamente justificarem a sua escolha de voto com frases referentes ao
seu tempo como primeiro-ministro, do género ele foi um bom primeiro-ministro, ou governou bem o país,
ou muitas outras com idêntico significado? Se para tudo há uma razão, aqui também a haverá. Neste caso a razão
apresenta-se bem simples, verificando-se numa tão grande falta de informação, verdadeira e objectiva, em que
a população fosse posta ao corrente da realidade e não numa sistemática desinformação que, pelo modo como é
apresentada, deixa os cidadãos completamente às escuras e os induz clara e propositadamente em conclusões erradas
e até com uma noção contrária à da realidade, esboçando numa colaboração entre políticos e jornalistas que os encobrem e aprovam,
dum modo que mais parece uma associação de
malfeitores.
Na linha deste procedimento, os jornalistas, pouco após o 25 de Abril, começaram a demonstrar que não mereciam a liberdade de
imprensa de que passaram a gozar, visto a usarem como arma de arremesso contra a população. Na verdade, os
jornalistas mais não têm feito do que encobrir acções indignas da parte dos governantes, a ponto de se poder
deduzir duma conivência doentia entre as duas partes, que se agregam e se suportam para mal da população. A
razão, se existe, e para tudo há uma, não é aqui lugar para a discutir; o que não pode é chamar-se-lhe razão.
Porém, de
que assim seja não restam dúvidas, mesmo quando as televisões fazem grandes scoops para atrair telespectadores
incautos. Note-se bem que tudo é levado até ao ponto teatral e que nunca se trata de qualquer motivo de fundo que
implique ou tenha implicado os mais altos interesses de partidos quando estes põem em causa o bem-estar geral da
nação. Tal como no caso deste artigo, estreitamente relacionado com o modo como os fundos da União Europeia foram
maliciosa e incapazmente esbanjados para arrancar votos a um povo mantido na ignorância pelos jornalistas.
Ainda que o povo já tenha compreendido que os fundos foram esbanjados, não teve até hoje
conhecimentos nem informações sobre a importância do facto nem das consequências que agora paga por isto não lhe
ter sido anunciado pelos jornalistas. Entretanto, os autores ou aqueles que dalgum modo estão relacionados com
essas acções, minimizam-nas tentando desviar a atenção e atribuir as causas a outros factores, falando por vezes
deles como se dum golpe de azar se tratasse. Sobre estes assuntos tudo se tapa; encobrem-se os criminosos, mantém-se a
população na ignorância, evitando reclamações de absoluto direito. Assuntos motivados por causas comparáveis há
muito têm levado Manuel Alegre a falar, mas até nisso o justo valor dos seus clamores tem sido encoberto para bem
dos partidos. Se os políticos nos têm feito a vida miserável, tal facto deve-se quase exclusivamente ao necessário
encobrimento que os jornalistas lhe têm proporcionado, afim de que o povo os ignore, não reclame e aceite o jugo.
A possibilidade de que o indivíduo venha a ser um bom presidente e que mais tarde este facto
venha a verificar-se como verdadeiro nada muda à situação. É absolutamente comparável a uma ladrão que se
tivesse tido a oportunidade viria a ser agente da polícia. A possibilidade de poder vir a ser um melhor agente do que
os seus colegas sem cadastro ou culpas não poderia ser excluída. Em Portugal um ladrão não pode ser agente da polícia, por pertence à
raia miúda, mas um político está acima da lei e tudo lhe é admitido. Tudo lhe é admitido e não lhe é feito
qualquer obstáculo. Pode ser traidor (como muitos), ter as mão cobertas de sangue (como os que
construiriam as estradas assassinas ou mataram os hemofílicos), roubar o Estado e enriquecer à sua custa (como a
maioria), colocar todos os amigos em
empregos do Estado e para os quais não têm competência (haverá corrupção mais comum?). Quantos nestas condições
não foram distinguidos com condecorações? É esta imunidade de
criminosos perante a justiça que por um lado tem feito a desgraça do país, por outro tem feito dos políticos
uma cambada ou seita de criminosos autorizados por uma justiça fantoche, por jornalistas mais do que coniventes e
por cidadãos que o consentem. É esta a democracia portuguesa, como
os canalhas a quem esta situação convém lhe chamam.
Foi deste modo que os jornalistas elegeram um presidente.
[Conteúdo ]
|